O mundo está em alerta com a recente alta nos casos de coqueluche, doença bacteriana prevenível por vacina. Países da União Europeia, da Ásia e da América do Sul apresentaram surtos da doença.
De 2019 a 2023 no Brasil, todas as 27 unidades federativas notificaram casos. Os Estados com mais registros foram Pernambuco (776), São Paulo (300) e Minas Gerais (253).
Além disso, em 2024, a Secretaria de Saúde de São Paulo notificou 139 casos de coqueluche de janeiro até o início de junho, um crescimento de 768,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, com apenas 16 registros.
O que é coqueluche?
A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma doença respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. A alta dos casos preocupa as autoridades de saúde porque a condição pode ser fatal.
A infecção provoca crises de tosse seca, mas a doença pode atingir também traqueia e brônquios. Bebês menores de 6 meses podem apresentar complicações pela coqueluche e o quadro pode levar à morte.
Vale destacar que existe vacina para a coqueluche. Para as crianças, há três doses da vacina, com reforço aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Além disso, pode ser que o adulto, mesmo tendo sido vacinado quando bebê, fique suscetível novamente à doença porque a vacina pode perder o efeito com o passar do tempo, alerta o Ministério da Saúde.
A transmissão da coqueluche ocorre pelo contato próximo e através das gotículas de pacientes contaminados, explica Julio Henrique Onita, médico infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Os casos tendem a se propagar em épocas de clima ameno ou frio, como primavera e inverno.
Sintomas da coqueluche
Conforme o especialista, há casos em que a coqueluche não apresenta sintomas, o que influencia diretamente na transmissão da doença, especialmente dentro do mesmo domicílio. “Por isso, é importante [estar atento] quando o paciente apresenta algum sintoma, principalmente a tosse”, destaca o infectologista.
Segundo ele, doença pode causar mal-estar e abatimento, e se manifesta em duas fases da coqueluche: a catarral, em que há presença de catarro na tosse; e a fase de paroxismo, em que há piora dos sintomas iniciais, e comumente o paciente (principalmente crianças) vomita após uma crise de tosse.
“A tosse é muito característica. Isso porque o paciente manifesta falta de ar após tossir. Então, é um sintoma que precisa prestar bastante atenção, especialmente em crianças”, aponta o infectologista. O diagnóstico, segundo o médico, é clínico.
Prevenção
Para Julio Henrique, é inadmissível ter coqueluche. Isso porque a doença está controlada no Brasil há vários anos em decorrência da vacinação. Por isso, os casos são esporádicos. “Quando tem um escape de caso de coqueluche, provavelmente também foi um escape de vacinação na região”, destaca.
Portanto, a prevenção para coqueluche ocorre por meio da vacina pentavalente, que imuniza contra difteria, tétano, coqueluche, haemophilus influenzae do tipo B e hepatite B. De acordo com o Ministério da Saúde, os principais fatores de risco para a doença têm relação direta com a falta de vacinação.