É certo que o cinema nacional ainda não bateu o recorde de bilheteria que as produções de Hollywood bateram e tem se reinventado para dar vida a filmes cada vez melhores. No entanto, Rafael Libman relembra alguns filmes de produção brasileira que chamaram atenção com suas histórias originais e enredos incríveis. Então, para valorizar o cinema nacional confira 4 histórias premiadas:
Central do Brasil (1998)
A odisseia do menino Josué definiu o Brasil pré-internet. A fé é um elemento central no filme e é responsável por trazer a coletividade marcante do povo brasileiro. Central do Brasil apresentou um breve retrato do país em 1998, para contar a história de um garoto de nove anos que, junto com sua mãe, pedem ajuda para Dora, uma professora aposentada que escrevia cartas para pessoas que não sabiam ler e escrever. Mãe e filho querem escrever uma carta para o pai do garoto que não só tinha o mesmo nome de Deus, como também era carpinteiro. Rafael Libman diz que a própria busca exige um pouco de fé, uma vez que Josué viaja pelo interior do Nordeste depois da morte da mãe e a procura de um pai que ele nunca conheceu. A produção brasileira ganhou destaque internacionalmente com a indicação de melhor filme e atriz no Festival de Berlim, além da indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor atriz a Fernanda Montenegro.
Cidade de Deus (2002)
Com recente exibição no Festival de cinema de Cannes, o filme conta a história de Buscapé, um jovem pobre e negro que cresce em meio a violência. A favela que leva o nome do filme é conhecida por ser um dos lugares mais violentos e perigosos do Rio de Janeiro. Então, com medo de se tornar bandido, o jovem busca sua fuga por meio do seu talento de fotógrafo e tenta seguir a profissão. Cidade de Deus foi indicado ao Oscar em 2004 na categoria de melhor direção, melhor fotografia e melhor roteiro adaptado e, também recebeu os prêmios de melhor filme, melhor ator, melhor montagem e fotografia no Festival de Havana. Além das indicações ao Globo de Ouro e ao BAFTA como melhor filme estrangeiro.
Hoje eu quero voltar sozinho (2014)
Dirigido por Daniel Ribeiro, o filme conta a história do garoto Leonardo, um estudante cego que luta pela sua independência, pois, dentre outros impasses, o mais presente é a sua mãe superprotetora. Quando inicia o Ensino Médio, Gabriel (o protagonista) descobre novos sentimentos e sensações, fazendo-o perceber mais sobre si mesmo e sobre sua sexualidade. Rafael Libman comenta que a história universal da descoberta de um novo amor é explorada de forma sensível e trata de forma leve a sexualidade, o bullying e outras brincadeiras de mau gosto, que não se aproxima muito da realidade de adolescentes gays ou com alguma deficiência. A delicada história teve sua estreia na mostra Panorama do Festival de Berlim, ganhou o prêmio de melhor filme na escolha do público no Festival de cinema de Guadalajara e levou o troféu pela produção LGBTQIA + em Honolulu, Los Angeles, Nova York, São Francisco e Torino.
Bacurau (2019)
Os moradores de um pequeno povoado no sertão brasileiro, que leva o mesmo nome do filme, descobrem que a comunidade não está mais em nenhum mapa. Com o passar dos acontecimentos e com um constante jogo de consciência, a comunidade percebe algo estranho na região: drones estão passeando pela região e estrangeiros estão chegando à cidade. Após algumas mortes e cadáveres desaparecidos, alguns habitantes concluem que estão sendo atacados. Esta produção lúdica e reflexiva do diretor KLM e Juliano Dornelles ganhou o prêmio no Festival de Cannes em 2019, e também foi selecionado para mostras em eventos não competitivos, como o Festival de Nova York.