O especialista Francisco Gonçalves Perez explica que entender a relação entre a economia global e a brasileira é fundamental para compreender por que o preço do pão aumenta, o combustível oscila e até os investimentos parecem imprevisíveis. A interconexão entre os países tornou o mercado mundial mais sensível e, consequentemente, a vida do consumidor também. O que acontece em grandes economias, como Estados Unidos e China, pode gerar impactos diretos no dia a dia de quem vive no Brasil, mesmo que isso nem sempre seja tão visível.
Muitas dessas relações se manifestam de maneira silenciosa, como uma onda que chega sem alarde. Um conflito internacional, uma decisão de juros no exterior ou mudanças no valor de produtos básicos afetam o Brasil, que depende tanto de exportações quanto de importações. Isso se reflete nos produtos que encontramos nas prateleiras, nos preços da energia e até nas oportunidades de trabalho. A globalização financeira estreitou os laços, mas também tornou as economias mais vulneráveis aos humores do mercado internacional.
Por que mudanças lá fora mexem com a economia brasileira?
O Brasil é parte ativa do comércio global, e sua economia é altamente influenciada por fatores externos. Quando os Estados Unidos aumentam suas taxas de juros, por exemplo, investidores estrangeiros tendem a tirar dinheiro de mercados emergentes, como o Brasil, para aplicá-lo em ativos considerados mais seguros. Francisco Gonçalves Peres destaca que isso desvaloriza o real, encarece importações e, no fim das contas, pesa no bolso da população. Um dólar mais alto significa aumento nos preços de alimentos, eletrônicos, remédios e combustíveis.
Produtos como soja, minério de ferro e petróleo são fortemente influenciados pela demanda internacional. Quando a China reduz suas compras, por exemplo, o Brasil sente o impacto na balança comercial. Isso afeta a arrecadação do governo, a geração de empregos e até o desempenho da Bolsa de Valores. Ou seja, o cenário internacional molda, direta ou indiretamente, boa parte das decisões econômicas do país.
O que acontece quando a inflação global aumenta?
A inflação não é um problema apenas local. Quando há uma escalada de preços em escala global, como ocorreu após a pandemia e durante conflitos geopolíticos recentes, os efeitos são rapidamente sentidos no Brasil. Francisco Gonçalves Perez explica que a alta nos custos de transporte, matérias-primas e energia se espalha por toda a cadeia produtiva. O resultado? A comida, o aluguel e os serviços em geral ficam mais caros para todos.

Esse tipo de inflação importada exige respostas por parte do governo, como aumento da taxa de juros para conter o consumo. Mas isso também tem consequências: encarece o crédito, dificulta o financiamento de empresas e reduz o ritmo da economia. Para o cidadão comum, significa juros mais altos no cartão de crédito, menos acesso ao crédito pessoal e menos confiança para consumir ou investir. A inflação global, portanto, se infiltra no cotidiano de forma direta e persistente.
Como o cenário global pode afetar seus investimentos?
O investidor brasileiro precisa estar atento ao que acontece no exterior. Taxas de juros em países desenvolvidos, mudanças nas políticas econômicas de potências globais e crises financeiras impactam a performance de fundos de investimento, ações e até da poupança. Segundo Francisco Gonçalves Perez, nos últimos anos, muitos investidores sentiram na pele como a instabilidade internacional pode corroer rendimentos que, à primeira vista, pareciam promissores.
Em contrapartida, também surgem oportunidades. Quando o cenário externo favorece o Brasil, em caso de valorização de produtos básicos ou queda do dólar, por exemplo, o mercado financeiro costuma reagir positivamente. Saber identificar essas janelas pode ser vantajoso para quem busca segurança ou diversificação nos investimentos. Por isso, acompanhar o que acontece fora do país deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade para qualquer pessoa que deseje proteger e valorizar seu dinheiro.
Olhar para o mundo é cuidar do seu bolso
Estar atento às movimentações da economia global não é apenas papel de governos ou especialistas. Como reforça Francisco Gonçalves Perez, cada escolha feita em outro país pode repercutir nas finanças pessoais dos brasileiros. Desde o preço do supermercado até os rumos da carreira profissional, tudo pode ser afetado por uma economia que, hoje, é mais conectada do que nunca. E quem acompanha esse movimento com atenção, sai na frente, seja na hora de comprar, investir ou planejar o futuro financeiro.
Autor: Svetlana Galina