Marcus Rocha voltou novamente para hospital após sentir dores no corpo. Médicos avaliam possibilidade de novas cirurgias. Ele está internado há uma semana após se ferir gravemente em acidente em março em SP. Foto mostra como estava na primeira internação.
O amigo do motorista do Porsche Carrera que fraturou quatro costelas e teve o baço retirado numa cirurgia por causa do acidente de trânsito que sofreu no final de março, voltou a ser internado no mesmo hospital por onde passou antes em São Paulo.
Marcus Vinicius Machado Rocha teve complicações de saúde e precisou voltar no dia 31 de abril para o Hospital São Luiz, unidade Anália, na Zona Leste. Ele está há uma semana num leito normal fazendo exames após sentir dores no corpo, mas sem previsão de alta.
Os médicos avaliam se há necessidade de Marcus passar por ao menos mais duas cirurgias. Uma delas seria para retirada dos resquícios do baço que continuam no seu organismo e estariam causando incômodo a ele. A outra operação pode ser no joelho esquerdo, que teve lesão nos ligamentos.
Marcus tem 22 anos e é estudante de medicina. Essa é a segunda vez que ele é internado após se ferir gravemente no acidente provocado pelo empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, que dirigia o Porsche e bateu na traseira do Renault Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, que morreu depois num hospital. Fernando tem 24 anos e Ornaldo tinha 52.
O acidente ocorreu no dia 31 de março na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé. Câmeras de segurança gravaram a batida (veja vídeo abaixo). Fernando estava a 114,8 km/h, segundo laudo pericial da Polícia Técnico-Científica. O limite de velocidade para a via é de 50 km/h.
Marcus ocupava no banco do passageiro do carro de luxo e ficou quase dez dias internado no Hospital São Luiz, sendo sete deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nesse período, foi entubado e e ficou em coma induzido, e passou por passou por duas cirurgias: para retirada do baço e colocação de drenos para tirar água dos pulmões (como mostra a foto acima obtida pela reportagem).
“O Marcus, após o acidente, ele foi internado ficou em torno de dez dias, teve que fazer uma retirada do baço, colocar drenos do pulmão, mas já foi pra casa e agora foi internado novamente no último domingo [dia , por complicações, devido a retirada do baço. Parece que ficaram pedaços do baço no organismo então ele tá internado em observação para avaliação de uma nova cirurgia”, disse à reportagem o advogado José Roberto Soares Lourenço.
José Roberto e a advogada Amanda Bessoni Boudoux Salgado defendem os interesses de Marcus e da namorada dele no caso. Os advogados já pediram ao Ministério Público (MP) para atuar no processo como assistentes da acusação.
Fernando é réu por homicídio por dolo eventual (por ter assumido o risco de matar Ornaldo) e lesão corporal gravíssima (feriu o Marcus).
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decretou a prisão preventiva de Fernando na última sexta-feira (3). O pedido foi feito pelo Ministério Público.
De acordo com a promotora Monique Ratton, responsável por denunciar Fernando, o empresário poderia voltar a cometer crimes pelo qual foi acusado já que se envolveu em acidentes graves anteriormente, inclusive com feridos.
O Jornal Nacional teve acesso ao histórico das infrações de trânsito do empresário. O prontuário tem multas por excesso de velocidade e participação em um ‘racha’. No histórico de multas há outras infrações por dirigir acima do limite permitido, duas delas no Ceará.
Além disso, teria influenciado a namorada a depor em se favor, descumprindo uma das medidas cautelares impostas antes pela Justiça que era a de não se aproximar das testemunhas do caso.
O 30º Distrito Policial (DP) entrou nesta segunda-feira (6) no terceiro dia de buscas para tentar encontrar e prender Fernando. Até a última atualização desta reportagem, o empresário não tinha sido encontrado e nem havia se entregado.
O réu é considerado foragido pela Secretária da Segurança Pública (SSP) desde sábado (4), quando passou a ser procurado e não foi achado. Segundo a pasta, “as buscas prosseguem” neste domingo.
Sete horas antes de o TJ ter decretado a prisão de Fernando, o Fantástico o entrevistou no escritório de seus advogados. Assim como havia dito em seu interrogatório na delegacia, o empresário disse à reportagem que não bebeu e que não se lembra da velocidade em que estava no carro.
“Eu não consumi. Eu não bebi no primeiro ambiente, eu não bebi também na casa de pôquer”, disse disse Fernando ao programa exibido neste domingo (5).
O motorista também negou que tenha sido beneficiado pela PM, que o liberou sem bafômetro: “Eu não tive nenhum tratamento privilegiado”, disse o empresário. “Fui tratado como qualquer um.”
“Dentro do carro não tive essa sensação de que eu estava em tamanha velocidade. Inclusive, eu acho que seria válido uma segunda perícia, uma segunda análise, pra ter certeza dessa aferição”, falou o Fernando sobre o Porsche, que faz 100 km/h de zero a três segundos e custa mais de R$ 1,3 milhão.
O empresário ficou 40 minutos no local do acidente, das 2h29, horário da batida, até 3h09, hora indicada pela câmera corporal dos PMs.
“Quando eu cheguei em casa, eu tenho um alto descontrole, eu fico muito nervoso por tudo aquilo que está acontecendo. E aí ela [a mãe do empresário] me dá um remédio. E aí eu… apago”, . Nesse momento ele comentava porque não foi ao hospital.
À TV Globo, o advogado Jonas Marzagão, que defende Fernando, disse que vai apresentar o empresário, não sem antes despachar com o juiz do caso, Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri, o que será feito somente nesta próxima segunda-feira (6).
A defesa alega que busca garantias de que Fernando será levado para um presídio em que estará seguro.
“[Fernando] É só um menino que vai às 7h30 e trabalha até a noite”, disse advogado Jonas ao Fantástico. Ele e os advogados Elizeu Soares de Camargo Neto e João Victor Maciel Gonçalve consideram a decretação da prisão preventiva do empresário “desproporcional”.
O advogado Elizeu Camargo ainda afirmou que vai entrar com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com sede em Brasília, para pedir a revogação da prisão preventiva decretada pelo TJ de São Paulo.
O desembargador do Tribunal de Justiça revogou as medidas cautelares de suspensão da carteira de motorista e de proibição de se aproximar das testemunhas do caso, já que Fernando deve ficar preso, mas manteve o pagamento de fiança de R$ 500 mil, se for necessário pagamento de algum tipo de indenização à família da vítima, por exemplo.