Saúde do DF “vê erro” em vacinação contra a dengue de 1.950 idosos

Ernesto Matalon

No Distrito Federal, pelo menos 1.950 pessoas com 60 anos ou mais receberam doses da vacina contra a dengue. Entre os vacinados, há até uma pessoa de 112 anos. A informação consta no Portal InfoSaúde, da Secretaria de Saúde (SES-DF).

O imunizante contra a dengue em aplicação na rede pública do Distrito Federal e na maioria dos laboratórios privados, não teve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicado em pessoas com mais de 60 anos.

Os dados do InfoSaúde foram consultados pelo Metrópoles na última terça-feira (26/3). A maioria dos idosos vacinados “erroneamente” têm 60 anos ou mais.

Procurada, a Secretaria de Saúde afirmou que essas imunizações foram feitas na rede privada e são consideradas off-label, ou seja, ou seja uso sem recomendação em bula, com prescrição médica que avaliou risco.

A pasta ainda afirmou que essas aplicações são consideradas “erro de imunização”. “Essas pessoas têm de ser observadas pelo serviço por 30 dias”, destaca a Saúde.

Por meio da área técnica, a SES-DF cobra a notificação do erro dos laboratórios privados.

Riscos
A vacina contra a dengue aplicada no Brasil é a Qdenga, a primeira de uso geral aprovada pela Anvisa para pessoas com idades entre 4 e 60 anos.

Embora os idosos sejam os mais vulneráveis aos casos graves e mortes por dengue, a Qdenga não foi indicada para o grupo etário porque os estudos apresentados pela farmacêutica à agência reguladora não continham informações sobre segurança e eficácia para o público.

“Os dados apresentados para a Anvisa não incluíram estudos com essa faixa etária, portanto não foram avaliados dados de eficácia da vacina com adultos acima de 60 anos”, explica a Anvisa.

Vacina da dengue para 60+: quais os riscos de fazer uso off label?

Mulher deitada em uma maca hospitalar – Metrópoles
Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas .

Aedes aegypti, também conhecido como mosquito da dengue – Metrópoles
A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte.

Aedes aegypti, também conhecido como mosquito da dengue – Metrópoles
O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias .

Aedes aegypti, também conhecido como mosquito da dengue – Metrópoles
A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos .

Aedes aegypti, também conhecido como mosquito da dengue – Metrópoles
No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles — ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes .

Pessoa deitada olhando termômetro que indica temperatura corporal – Metrópoles
Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos .

Mulher deitada em uma maca hospitalar – Metrópoles
No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte.

Mulher em frente a um vaso sanitário como se fosse vomitar – Metrópoles
Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue .

Pessoa sentada em maca de hospital – metrópoles
Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão.

Mulher loira deitada no chão – Metrópoles
Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada Getty Images

Pessoa segurando comprimidos nas mãos – metrópoles
Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas Guido Mieth/ Getty Images

Mulher deitada em uma maca hospitalar – Metrópoles
Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas Getty Images

Aedes aegypti, também conhecido como mosquito da dengue – Metrópoles
A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte .

Em entrevista ao Metrópoles, em janeiro deste ano, a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) explicou que o uso off label do imunizante deve ser feito apenas sob orientação médica, uma vez que não há dados que comprovem a segurança (com a ausência de riscos à saúde) ou a eficácia dele em pessoas mais velhas.

Dengue no DF
Segundo o último boletim epidemiológico publicado pela Saúde, em 1º de abril, o DF já registrou mais de 190,9 mil casos prováveis de dengue em 2024.

Até o momento, foram registradas 205 mortes por dengue na capital federal. Outras 55 estão em investigação. Em média, são 15 mortes a cada período de sete dias, e duas por dia.

O DF segue como a unidade da Federação com a maior incidência de dengue no país. A capital federal tem uma média de 6.271 casos a cada 100 mil habitantes. Em seguida aparecem Minas Gerais, com 3.627; e Espírito Santo, com 2.139.

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